segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ciclistas viram alvo de assaltantes em trilhas na Grande BH

MATÉRIA; Alfredo Durães - Estado de Minas
Emerson e Fernando pedalam em dupla para tentar escapar dos assaltantes. Ataques são frequentes na Grande BH - (Jair Amaral/EM/D.A Press)
Emerson e Fernando pedalam em dupla para tentar escapar dos assaltantes. Ataques são frequentes na Grande BH
Saudável esforço físico, vento no rosto, contato com a natureza e… a frase assustadora: “isto é um assalto”. Pedalar nas trilhas que cercam Belo Horizonte está se tornando cada dia mais perigoso e o motivo não é uma eventual queda, mas o risco de ter sua bicicleta roubada e, pior, tomar um tiro. Segundo a Mountain Bike (BHMTB-BH), associação de ciclistas da capital, com mais de 450 associados, 10 praticantes do tiveram bicicletas roubadas nos últimos dois meses, todas em assaltos a mão armada. Os ataques foram registrados em diversas regiões da capital, como as Seis Pistas, nas proximidades do Condomínio Retiro das Pedras e na orla da Lagoa da esportePampulha. Em alguns casos, os assaltantes usaram kombis para guardar as bicicletas e fugir com mais rapidez.
A maior motivação para os roubos é o alto valor de alguns modelos de bicicletas usadas para a prática de mountain bike. A mais cobiçada é a Specialized, importada dos Estados Unidos e feita em fibra de carbono. O modelo mais simples da marca chega a custar R$ 18 mil e um top de linha vale R$ 30 mil. Esta joia do ciclismo em trilhas pode ser facilmente avistada nas estrada de terra no entorno de Belo Horizonte, principalmente nos fins de semana, quando os aficcionados pelo esporte aproveitam para pedalar e espantar o estresse.
As histórias de violência contra os ciclistas já se espalharam entre a turma que usa os fins de semana para pedalar e sempre surge alguém que foi vítima dos assaltantes. No domingo passado, por exemplo, o empresário William Carvalho, de 51 anos, subia a BR-356 em companhia de um amigo quando foi atacado a tiros por dois homens que estavam numa linha de trem desativada que passa acima da rodovia. Os dois homens atiraram contra o empresário e o amigo, mas não acertaram os tiros.
Conhecido nas rodas de ciclistas como “Japão”, William conta que o susto foi muito grande. “Eu e meu amigo pedalávamos na BR-356, pouco acima do BH Shopping, quando vi os homens. Como sei de muitos roubos na região, estava de olho e avisei meu amigo para tomar cuidado. Os dois homens foram para perto da rodovia e nós fizemos meia volta. Quase bati num carro e começamos a fazer o retorno, em alta velocidade. Foi quando ouvimos o barulho dos tiros. Foram cinco disparos. Já em segurança, chamei a polícia, que demorou muito a chegar. Alertei outros ciclistas para evitar a rota”, diz o empresário, que espera providências das autoridades para evitar o pior. “Alguém pode ser morto, como quase aconteceu comigo”, completa.
Ataques frequentes
Fernando Rodrigues, de 34, funcionário público, começou a percorrer trilhas de bicicleta há seis meses, como forma de relaxar e manter o condicionamento físico. Neste período, já soube de vários assaltos contra ciclistas e, por esta razão, toma uma série de cuidados. Ao lado do veterinário Emerson Alvarenga, de 39, contou que entre as medidas de segurança que adota estar sempre na companhia de alguém. “Além disso, só venho com a bicicleta e os equipamentos de proteção, sem trazer nada de valor”, diz.
Sua bicicleta é um modelo Scott, avaliado em pouco mais de R$ 2 mil, e ele sempre está nas trilhas, apesar das muitas conversas sobre os riscos de assalto. Já Emerson, que tem uma cobiçada Specialized, não tem medo de usar um dos modelos mais caros do mercado. “Não acredito que os ladrões escolham modelos específicos por ser mais caros. Acho que roubam qualquer uma”, disse.
O empresário Matheus Morandi de Almeida, de 29, diz que pratica o esporte há pelo menos 14 anos e que os roubos só vêm aumentando. “Antes era muito tranquilo, mas agora todo cuidado é pouco. Hoje, por exemplo, vim sozinho e só pedalei em locais menos ermos,”, explicou. Dono de uma Caloi elite 2.7 (valor de R$ 3,5 mil), ele contou que no fim de semana anterior presenciou um casal informar a policiais militares, em frente da portaria do Retiro das Pedras, um roubo do qual foram vítimas. “Eles falaram que ela ficou um pouco atrás do marido e foi surpreendida por dois homens armados que levaram a bicicleta”, relatou, acrescentando que a maioria das bikes tem um número de chassi gravado no quadro, mas isso não intimida os assaltantes.
FONTE:UAI ESTADO DE MINAS

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