segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ciclista de BH não tem vez no trânsito e sofre para circular

Repórter de O TEMPO percorreu 16 km de bicicleta para verificar comportamento dos motoristas
LUCAS SIMÕES
Acertar as primeiras pedaladas, reparar a cidade com calma e se locomover de forma sustentável são algumas das recompensas ao adotar a bicicleta em vez do carro. Porém, em Belo Horizonte, o prazer de se fazer essa escolha convive com ameaças de muitos motoristas no trânsito, que desrespeitam os ciclistas com manobras imprudentes e buzinaços ensurdecedores.

O problema, admitido pela Prefeitura de Belo Horizonte e intensificado pela deficiência de ciclovias na cidade , foi constatado pela reportagem de O TEMPO na manhã da última terça-feira, em um trajeto de 16 km feito de bike da Savassi até a Pampulha, cortando o centro da capital. Em todo o percurso, havia apenas 1 km de ciclovia em trechos das avenidas Professor Morais, João Pinheiro e na orla da lagoa, ponto final da viagem.
Na Savassi, a existência delas tem despertado a atenção dos condutores. “Agora que sei da presença de ciclistas, tento ser mais cuidadoso”, disse o motorista André Pessoa, 37, ao abrir passagem para a bicicleta no semáforo do cruzamento da avenida do Contorno com a rua Professor Morais.
Porém, mesmo regulamentada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) como meio de transporte, a presença da bicicleta no asfalto ainda é encarada como brincadeira. Nas avenidas Augusto de Lima, Pedro II e Presidente Carlos Luz, as mãos firmes no guidom e o olhar atento ao fluxo de carros não são suficientes para se sentir seguro.
Na descida da Augusto de Lima, na altura da praça Raul Soares, a sequência de buzinas de uma moto que acelera pela faixa da direita motiva a saída da via pública e a subida no passeio. A imprudência ainda vem acompanhada de bronca. “Lugar de bicicleta é na praça. Você está atrapalhando o trânsito”, esbraveja o motoqueiro, antes de arrancar em alta velocidade.
Em um trecho de 500 metros anterior ao cruzamento das avenidas Carlos Luz e Pedro II, dois ônibus “tiraram fino” da bicicleta, que trafegava pela direita, sem respeitar a distância de 1,5 m prevista no CTB para ultrapassagem. Na Carlos Luz, a maior parte do trajeto foi de tensão. Em vários momentos, foi preciso subir no passeio. A prova desse conflito veio com outra bronca: “Bicicleta não é para andar na rua, meu irmão!”, advertiu um taxista.
Fonte e Foto: Portal O Tempo